U L T R A S O N H O
Em uma era de ruínas digitais e futuros cancelados, o álbum "nós nunca vamos morrer" emerge não como uma coleção de músicas, mas como um ato de arqueologia sonora e um manifesto estético para o presente perpétuo. U L T R A S O N H O orquestra um labirinto auditivo onde os gêneros Hauntological, Signalwave e Broken Transmission são utilizados como canalizadores para os fantasmas que assombram a máquina, extraindo o sumo do inconsciente coletivo de um mundo pós-capitalista. Para as gerações Millennial e Z, imersas na cacofonia de informações e na nostalgia por passados que nunca viveram, a obra funciona como um espelho quebrado, refletindo a esquizofrenia de uma existência fragmentada entre a memória-mercadoria e a busca por autenticidade. Ancorado em transmissões espectrais radiofônicas captadas em São Mateus do Sul, o projeto transforma o ruído local em um eco universal da nossa condição, onde a falha, a estática e a melodia deteriorada não são erros, mas a própria linguagem da verdade. Financiado pela Política Nacional Aldir Blanc, este álbum é em si uma declaração sócio-política: um oásis de arte radical e introspectiva, provando que é possível florescer no caos. O título, "nós nunca vamos morrer", ressoa então como o paradoxo definitivo de nosso tempo — uma promessa irônica de imortalidade em meio a dados voláteis e, ao mesmo tempo, um sincero e melancólico brado de que, mesmo em retalhos, a nossa história e nossas memórias se recusam a desaparecer por completo.
A realização do álbum "nós nunca vamos morrer" do projeto U L T R A S O N H O representa um marco que só foi viabilizado graças ao fomento e à visão estratégica da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), uma iniciativa fundamental do Ministério da Cultura que se consolida como um pilar para a sustentabilidade da produção artística brasileira. A materialização deste projeto deve-se, de forma direta e decisiva, à execução exemplar desta política em âmbito municipal, conduzida com notável sensibilidade e competência pela Prefeitura Municipal de São Mateus do Sul, por intermédio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo. Este apoio institucional é o alicerce que permite a artistas independentes, especialmente aqueles dedicados a linguagens experimentais que desafiam convenções e operam à margem dos circuitos comerciais, transformar suas visões em obras concretas e acessíveis ao público. O compromisso da gestão municipal em abraçar e investir em um projeto de vanguarda como U L T R A S O N H O não apenas legitima a pesquisa sonora inovadora, mas também demonstra uma profunda compreensão do papel da cultura como força motriz para o diálogo, a inovação e o fortalecimento da identidade local. Expresso, portanto, minha mais profunda e sincera gratidão a todas as esferas envolvidas, pois este álbum não é apenas uma obra artística; é também um testemunho vibrante do poder transformador de políticas públicas que acreditam, investem e valorizam a diversidade e a potência da produção cultural brasileira.